Marmitex | Edição 117 | Por que adoramos os babacas?
Esta é a 117ª edição do MARMITEX neste formato, 137 desde janeiro de 2020. Aqui compartilho dicas semanais gratuitas de conteúdo: filmes, séries, livros, artigos, fotografia, discos, podcasts, etc. Não tem tema específico, procuro abordar assuntos diversos e relevantes. Direto ao ponto, sem blá-blá-blá.
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NESTA SEMANA
Quais as boas práticas para que influenciadores digitais participem do debate eleitoral? (PT)
Um framework para construir comunidades, dica do Alex Bretas (PT)
Um guia super útil pra usar sua bicicleta na cidade (PT)
Here’s what MIT experts and researchers believe are the key building blocks of healthy organizational culture — for now and into the future. (EN)
Finalista do Prêmio Inspiradoras 2022: Foi por conta de uma pesquisa para entender o papel da internet na valorização da estética da mulher negra que o YouTube se tornou o amplificador da voz de Gabriela Oliveira, criadora de conteúdo com mais de 600 mil inscritos na plataforma e outros 600 mil seguidores no Instagram... (PT)
Se você quer crescer na carreira, é melhor mudar de emprego (PT)
Já pensou num campeonato de Excel transmitido pela ESPN e com react do Casimiro? Pois é… (PT)
Ta aí uma lista muito boa de melhores discos da década de 80. The 150 best albums of the 80s (EN)
Best 15 Fashion Photographers of All Time (EN)
Algumas das dicas musicais que posto aqui, descubro através da newsletter Boombop. Não curto tudo, mas sempre tem coisa boa pra ouvir.
Os discos que ouvi na última semana são:
Issy Wood - My Body Your Choice
Hot Chip - Freakout/Release - Eu curtia eles no início da carreira, depois fizeram um monte de coisas bem fraquinhas e agora aparecem com novidades ótimas!
** as siglas correspondem ao idioma da publicação (PT) é para links em português e (EN) em inglês
Meus dois centavos: Por que adoramos os babacas?
Na última semana algumas notícias me chamaram a atenção:
Adam Neumann, o megalomaníaco "empreendedor" recebendo 350 milhões de dólares de investimento para seu novo negócio, mesmo depois da sua escandalosa gestão do We Work.
Donald Trump, dominando o debate político nos Estados Unidos quando já deveria ter sido enterrado pela mídia e condenado pela justiça.
O iFood, que vendeu 33% do seu negócio por 9,4 bilhões de reais e agora tem o valor de mercado entre 23 e 28 bilhões de reais.
A extensa polêmica entre Elon Musk e a pseudo compra do Twitter.
Nem precisamos garimpar muito. Todos recebemos histórias semelhantes em nossos feeds. Acontece em todas as escalas, desde os ciclos de convivência mais próximos, até as celebridades globais. Num mundo mais diverso, complexo e evoluído, por que ainda damos tanto espaço para pessoas tóxicas, empresas predatórias e narcisistas de plantão?
Escrevi há alguns meses que o problema não está exclusivamente em Adam Nuemann, mas na cultura financiada e motivada por investidores. Enquanto tiver gente pagando a conta, modelos viciados seguirão se perpetuando. Que mensagem fica na cabeça das próximas gerações empreendedoras?
Ainda sobre o tema: Essa geração de ‘founders’ é só uma parte do problema
Assista: WeCrashed | Season 1(2022 ) | APPLETV+ | Trailer Oficial Legendado
No caso de Trump, é impressionante o quanto a imprensa profissional ainda se deixa manipular por suas artimanhas para monopolizar o debate, se vitimizar e assim, manter controle da pauta. Na verdade, o problema é que a imprensa sabe exatamente o que deve fazer, ignorá-lo e tratá-lo como um lunático, mas o problema é que isso dá menos audiência. Por mais absurdo que o ex-presidente dos EUA seja, seus absurdos geram muita audiência e alimentam a polêmica em diversos canais de comunicação. Nenhum meio tem a coragem de cortá-lo da pauta e abrir mão dessa audiência. Algo muito semelhante acontece por aqui.
Sobre o iFood, a empresa com o propósito de "alimentar o futuro do mundo" construiu "um ecossistema que hoje envolve cerca de 330 mil estabelecimentos parceiros (entre restaurantes e mercados), 200 mil entregadores, mais de 40 milhões de consumidores, em um total de 70 milhões de pedidos por mês espalhados em 1.700 municípios brasileiros, uma escala que coloca o iFood entre as maiores do mundo no setor."
Incrível! Eu mesmo, pedi muito iFood durante a pandemia. Até conhecer melhor o modelo de negócios da empresa, que captura percentuais que vão de 10 a 30% da receita dos estabelecimentos ditos parceiros e se apóia em um exército de entregadores precarizados, ficando com o lucro da operação. Ou seja, o modelo de negócios estrangula os restaurantes em uma ponta e explora entregadores na outra. Toda vez que muita conveniência é entregue a você a um preço muito baixo, em escala, pode saber que alguém está trabalhando em regime análogo à escravidão para que o milagre aconteça. Mais sobre o assunto já foi compartilhado no Mamitex:
As suspeitas de ação oculta do iFood contra greves de entregadores (PT)
Veja a pesquisa Fairwork Brasil 2021: Por Trabalho Decente Na Economia De Plataformas
Nos casos de Elon Musk, Trump, Neumann e outros conhecidos como Eike Batista, recomendo o conteúdo abaixo.
Entenda como líderes narcisistas contaminam a cultura das empresas
Veja a pesquisa original de Berkeley sobre o tema.
Documentário questiona a cultura de ‘ser um babaca’ para subir na empresa. O filme é baseado no livro: "Assholes: A Theory", recomendado em 2020, no início do Marmitex.
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PRA ACOMPANHAR:
Se quiser conferir minha cobertura completa do SXSW 2022, só clicar aqui.
Se você não viu, vou deixar o link fixo com a edição do Review: melhores recomendações de 2021 aqui do Marmitex.
Clique para entrar no Clube do Livro: Grupo que escolhe 1 título por mês com 1 encontro online para debate. Leituras variadas e temas diversos.
A leitura para o mês agosto é: “Happycracia: Fabricando cidadãos felizes”, por Edgar Cabanas e Eva Illouz.
Release da editora: “Em análise provocativa, o psicólogo Edgar Cabanas e a socióloga Eva Illouz traçam a gênese e desenvolvimento do campo da "psicologia positiva", responsável pela ideia de que a felicidade é o maior objetivo da vida, e que basta força de vontade para alcançá-lo. Os autores revelam a ideologia por trás do sucesso financeiro e midiático dessa tendência pseudocientífica.
Neste livro, Cabanas e Illouz fazem uma crítica demolidora da noção de felicidade criada pela psicologia positiva. Felicidade passou a ser sinônimo de "uma atitude passível de ser engendrada pela força de vontade; resultado do treino de nossa força interior e nosso eu autêntico; única meta que faz a vida valer a pena; o padrão pelo qual devemos medir o valor de nossa biografia, o tamanho de nossos sucessos e fracassos, e a magnitude de nosso desenvolvimento psíquico e emocional". Qual a origem dessa noção de felicidade? Como ela é sustentada, e por quem? Em nome de quê é defendida? E, finalmente, quais as consequências da defesa de tal noção? Mais que um valor, um sentimento ou uma forma de avaliar um percurso de vida, a felicidade torna-se uma cultura que transforma cada pessoa em uma empresa autogerida, orientada para a maximização de ganhos.
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